quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Diário de um Louco


Diário de Um Louco, extraído do conto do russo  Nicolai Gogol, tem um sentido universal, como descreve o diário de Alexander Ivanovich (interpretado pelo ator Luiz Cláudio) um funcionário público que vai dando a conhecer indiretamente sua situação frustrante e humilhante, tem quarenta e dois anos e nunca foi promovido  vive  na insignificante  função de apontar penas para o diretor  e apaixonado por sua filha Sophie  e fica sabendo por intermédio das cartas trocada por sua cachorrinha Medji que ela esta enlevada pelo nobre Teplof.

    Alexander não é fidalgo nem nobre general ou burguês, portanto o romance só se dá a nível da sua imaginação copiosa, pois não acontece na realidade desse sistema. A gradativa perda da sua identidade-realidade vai acontecendo à medida que a ação avança e o personagem tem a  consciência de ser um nada, daí busca na imaginação e na contradição com o real seu plano de fuga e vive sua irreal personalidade se julgando o rei da Amazônia,  onde acaba sendo levado a um manicômio e sendo submetido a um brutal tratamento de choque. A peça é uma alegoria da decadência escrita a tantos anos, todavia  atualíssima, a qual o ator Luiz Claudio construiu através de meses de trabalho a adaptação e interpretação do texto .

    A Cia Novo Ato através de sua encenação teve a possibilidade de jogar com a realidade brasileira mostrando suas contradições. Algumas adaptações foram feitas como no rio poluído anicunskfute referência ao anicuns, na favela compartimentada, nos livros todos blindados longe do alcance das pessoas comuns. A sabedoria inalcançada, nos quadros de violência e tortura dos tempos atuais, no personagem brincando com o planeta terra, o globo cheio de carros, poluição as ruas com cheiro podre seco sujo... várias visões e sugestões, como na cena da cadeira elétrica em que é dado o controle ao público para que este acione ou não o botão do choque. A busca da teatralização como forma de extrapolar o comum assumindo o papel de ponta de lança da sociedade, na qual a encenação distancia as coisas servindo para que o público visualize uma nova maneira de concebê-las. Um espetáculo em cuja tradução se sente a peculiaridade vibrante da literatura e principalmente do teatro. 



SERVIÇO:

Dia: 24 de Março [sábado] - 20:30h 
Espetáculo: Diário de um Louco
Cia. Novo Ato
Ingressos: R$ 15,00 inteira e R$ 8,00 meia
Informações: 3524-2421/2422



Cia. Novo Ato em temporada: Ambivalências


Ambivalência(s) a mais nova produção da Cia. Novo Ato é uma sinfônia desconstrutivista uma ópera total, corporal e abstrata que pertence a um universo de angústias, medos, frustrações e mistérios que envolvem os seres humanos na sociedade. Temos em Ambivalência(s) vários recortes sociais que colocam em discussão sem tomar partido, algumas questões humanas entre elas o sexo, o casamento, o prazer, o medo da solidão, a ambição, a fragilidade dos sentimentos, o estupro, o ser social versus o ser individuo, a sociedade com seus mitos e tabus entre outros assuntos.


Cristal e Horácio se encontram depois de dez anos separados. O diálogo entre eles segue uma perspectiva do pensamento oscilando entre o objetivo e o subjetivo, as ações seguem o fluxo das memórias e flashes que denunciam cenas envoltas em rancores, mágoas, prazeres, dores, solidão e principalmente medo. Os duplos psicológicos de Cristal e Horácio respectivamente Ângela e Paulo denunciam esses medos com suas pavorosas máscaras, suas vozes atrevidas, seus gestos vulgares e fora dos padrões sociais. À medida que Cristal e Horácio conversam o expectador é convidado a penetrar o universo psicológico e social dos dois envolvidos pelo laço matrimonial e pela revelação de um estupro.


Durante o processo a Cia. Novo Ato trouxe como um desafio a montagem de cenas que pudessem sintetizar e problematizar tais imagens e temas. Transmitir tais idéias de forma que o expectador possa também criar suas imagens.


O Processo imersivo e escavatório parte do ao vivo de cada dia,da labuta consigo mesmos, da experimentação e descarte.O estudo é um alimento vivo que nos instiga a cada contato.A entrega total e sem defesa dos corpos, das imagens, dos sons numa composição que trilhou um longo e árduo caminho de preparação corporal, vocal, pesquisa (vídeos, dança, grandes mestres), construção e desconstrução das cenas, acabamento e detalhes: muito suor, lágrima, alma, corpo e sangue.


Essa peça não fala de um grupo, de uma família, de um casamento. Ela fala do ser humano, em todos os seus conflitos pessoais, suas dualidades, suas múltiplas personalidades, suas ambivalências. Essa peça fala de você e de mim, fala de nos como homens e mulheres, como seres humanos, por vezes monstruosos, criminosos, por vezes amorosos, ternos, maternos, sagrados.


Ambivalência(s) é da obra do escritor Miguel Jorge que conta com os atores pesquisadores-criadores: Silas Santana, Marília Ribeiro, Ana Lu e Luciano Di Freitas, coordenação do elenco de Marília Ribeiro,sob a direção e acompanhamento musical de Luiz Cláudio. Este projeto tem o apoio da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Goiânia.




SERVIÇO:


19 e 21 de Janeiro [quinta e sábado] - 20:30h 
Espetáculo: Ambivalências
Cia. Novo Ato
Ingressos: R$ 15,00 inteira e R$ 8,00 meia
Informações: 3524-2421/2422